28 de agosto de 1985 foi um marco importante para a solidariedade e o trabalho voluntário no Brasil com a promulgação da Lei nº 7.352, que determinou a celebração do Dia Nacional do Voluntariado. Desde então, a data tem sido uma celebração da generosidade e do espírito de doação, registrando aqueles que se dedicam a causas nobres e ao auxílio ao próximo.

Voluntariado: Uma jornada de comprometimento e generosidade

O Dia Nacional do Voluntariado destaca a importância do trabalho voluntário na sociedade. Um voluntário é alguém que, movido por empatia e compaixão, dedica seu tempo e habilidades para ajudar os outros, sem qualquer forma de recompensa material.

Projeto Corrente da Esperança: Ações simples para grandes transformações

Sede do Projeto Corrente da Esperança Foto: Arquivo Pessoal

Um exemplo notável de trabalho voluntário é o Projeto Corrente da Esperança, uma iniciativa social da Cáritas, com base nos bairros João Colombi e Asa Branca, no município de São Gabriel da Palha. Esse projeto se destaca como a ação voluntária pode gerar impacto positivo e transformador em comunidades locais.

O Projeto Corrente da Esperança oferece uma variedade de atividades gratuitas, abrangendo áreas artísticas, culturais e esportivas. Voluntários comprometidos ministram aulas de violão, informática, ginástica rítmica, flauta, dança, artesanato, bordado, vôlei, capoeira, taekwondo e futsal. Através dessas atividades, a comunidade local é beneficiada, recebendo oportunidades de aprendizado, desenvolvimento pessoal e conexões sociais.

Ilza Gonçalves Terra, coordenadora do Projeto Corrente da Esperança, falou sobre a gratidão que sente em ser voluntária, “Ser voluntária na Corrente da Esperança ao longo de todos esses anos tem servido para auxiliar no meu crescimento como pessoa humana e cristã. É gratificante ver que com o pouco que temos, podemos realizar grandes feitos e contribuir para transformar realidades. E tudo o que faz de bom ao outro, a nós mesmos o fazemos. Graças a Deus temos uma equipe de voluntários maravilhosa, pessoas que doam seu tempo e seus dons para promover o bem comum, elos que se juntam nessa corrente de solidariedade”.

Fagner Oliveira Chaider é voluntário no Projeto Corrente da Esperança e contou sobre sua história com o voluntariado, “Moro no interior (zona rural) do município de Nova Venécia. Venho de uma família pobre que passou por inúmeras dificuldades na vida para conseguir prosperar sem perder a dignidade e de forma honesta. A luta por dignidade levou minha família a um assentamento criado a partir das lutas do MST onde nasci e cresci em meio a essas organizações sociais, vivenciando o trabalho em mutirão, o ato de se doar pelo outro, da construção coletiva e na luta pela construção de uma sociedade melhor. Aprendi que o dinheiro é importante, mas que o dinheiro não é tudo. Que tem coisas que o dinheiro não compra e que tanto o trabalho social quanto o trabalho voluntario é importante para se construir uma sociedade melhor para todos nós. Neste processo aprendi que ser voluntario é se doar, é contribuir para construção da sociedade que idealizamos. É mais que fazer algo de graça, é se dedicar a causa, é se esforça e fazer o seu melhor e fazer com amor. É ajudar a construir algo maior, e que nesses casos a recompensa não e monetária, mas é muito gratificante, faz bem para o espírito”.

“O corrente da esperança não foi o meu primeiro trabalho voluntario, fiz isso e ainda faço em outros espaços, como por exemplo, na minha comunidade onde tenho um projeto social com a capoeira há mais de 6 anos. E foi a capoeira que me levou ate o projeto corrente da esperança. Iniciei o trabalho com as aulas de capoeira no projeto corrente da esperança em 2021, e desde então venho seguindo tentando de alguma forma contribuir para que a vida das crianças que frequenta as aulas no projeto seja melhor. Tento ensinar mais que a arte da capoeira que por si só e linda, mas também contribuir com a formação de cidadão consciente para viver em sociedade. Dou aula de capoeira uma vez por semana. Ando 24 km para ir até o projeto e tentar de alguma forma contribuir com o trabalho e com a vida das crianças, faço com prazer e com amor. O trabalho no projeto é todo voluntario, toda a equipe são voluntários, principalmente a nossa coordenadora Ilza que também é voluntaria e se doa muito mais que nos, pois ela esta lá no projeto o tempo todo ajudando e contribuído para que as engrenagem que mantem o projeto funcionando, não pare e o trabalho continue”, contou Fagner.

“Tem uma musica de capoeira chamada sonhador, de “mestre vagalume” que gosto muito, e diz assim: Já diz o canto, quem manda no mundo é Deus, A minha sina berimbau que escolheu. Fazer o bem sempre sem olhar a quem. A esperança não morreu e pra quem acredita ela vem, sonhador. Sonha com um mundo melhor, oh oh-oh! Traz a esperança nas mãos. Ao som de um gunga vozeiro. Hoje uma nova canção. Esse é o meu jeito de ser. Já nasci capoeirista. Sonho que se sonha junto, sempre termina em conquista”, finalizou Fagner.

Mário Pereira Batista também realiza trabalho voluntário no Projeto Corrente da Esperança e na oportunidade comentou os inúmeros benefícios que o voluntariado tem, “Ser voluntário de um projeto social pra mim, é uma forma de contribuir para o bem-estar da comunidade e fazer a diferença na vida de outras pessoas. É um ato de generosidade e solidariedade que pode ser realizado por pessoas de todas as idades, classes sociais e profissões. Os projetos sociais são iniciativas que visam atender a alguma necessidade da sociedade, como educação, saúde, assistência social e esporte, entre outras. Os voluntários atuam em diferentes áreas, como atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Os benefícios do voluntariado são inúmeros, tanto para os voluntários quanto para a comunidade. Para os voluntários, o voluntariado é uma oportunidade de: Desenvolver novas habilidades e conhecimentos; Aprender a trabalhar em equipe; Conhecer pessoas de diferentes culturas e realidades; Fazer a diferença na vida de outras pessoas; Sentir-se bem consigo mesmo e com a sociedade. Para a comunidade, o voluntariado é uma forma de: Atender a necessidades que não são atendidas pelo governo ou por outras instituições; Ampliar a cobertura de serviços e programas sociais; Promover a inclusão social e a cidadania; Melhorar a qualidade de vida da população”.

“Meu interesse surgiu ainda quando eu tinha 15 anos, naquela época eram poucas pessoas que atuavam como voluntários. Então tive a oportunidade de conhecer um projeto esportivo de uma escola, e de lá pra cá sempre estive envolvido com esse seguimento mas sempre visando projetos sociais que realmente ajudam no dia dia de um jovem cidadão. Na primeira oportunidade treinei uma equipe sub 11 da escola do bairro Boa Vista onde participamos dos jogos escolares daquele ano e nós consagrados campeões na categoria. Esse dia mudou minha vida, e sentir que aquilo que estava fazendo faria parte da minha vida, e eu estava tão certo que nunca mais sair e estou muito feliz até hoje”, afirmou Mário.

Ana Paula é coordenadora Diocesana da Cáritas e em nome da equipe Diocesana, comentou sobre esse momento especial, “Celebramos o voluntariado Cáritas, onde rendemos graças pelas tantas vidas a serviço do outro. Nas palavras do Papa Francisco, ‘O mundo precisa de voluntários comprometidos com o bem comum’, nos inspiramos e reforçamos o compromisso de vida e missão. Em nossa igreja Diocesana, particular de São Mateus, são 20 anos da presença Cáritas. Isso só foi e é possível pelos braços incansáveis de nosso povo que se dedica dia e noite ao serviço voluntário, em suas paróquias e comunidades, fomentando uma esperança que é para todos, independentemente de classe, raça ou religião, fazendo do voluntariado ‘Amor em Ação’. Dessa forma, reforçam a missão da Cáritas que é “testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social”.

“Diante desse momento tão especial, queremos direcionar a nossa fala, em particular, aos nossos queridos voluntários e reforçar o nosso afeto, alegria e gratidão pelas ajudas diárias. Enfatizando que sois o rosto de Deus aos mais necessitados e fazendo o serviço de uma igreja em saída. Rendemos nosso olhar e clamor aos céus pedindo a Cristo que continue a preservar o amor/missão na vida de cada um de vós. Que Dom Helder Câmara e Santa Dulce dos Pobres possam nos auxiliar, intercedendo e caminhando ao nosso lado, e que os bons exemplos dos Santos e de nossos voluntários possam animar e despertar, no coração do povo santo de Deus, o chamado ao voluntariado”, afirmou Ana Paula.

Foto: Arquivo Pessoal

Um chamado à ação

À medida que celebramos o Dia Nacional do Voluntariado, somos lembrados de que cada um de nós tem o potencial de fazer a diferença na vida dos outros. Seja ao se envolver em projetos comunitários, apoiar organizações sociais ou simplesmente oferecer um ombro amigo, o trabalho voluntário é uma expressão empatia e solidariedade.

Foto: Arquivo Pessoal

Fonte: Editora Hoje