Nos tempos atuais ouvimos várias discursões sobre família, o que os filhos devem ou não devem assistir ou ler e sobre como devemos proteger nossos lares, mas o fato é que o tempo e nossas ocupações não tem nos dado oportunidade suficiente para cuidarmos daquilo que mais nos importa, os nossos filhos. As crianças e adolescentes carecem de uma atenção especial, tanto da sociedade como das famílias, afinal se pensarmos que eles são o futuro dessa comunidade eu tenho que me preocupar tanto com meus filhos como com os filhos dos outros. Fazendo uma breve observação sobre nossas famílias gostaria que refletissem sobre as seguintes perguntas, qual foi a última coisa que você aprendeu com seus pais? Pensem com carinho sobre essa pergunta, muitos não lembram como era importante a atenção de nossos pais. A outra pergunta é, qual foi a última coisa que você ensinou para seu filho? Infelizmente não temos dado a devida atenção aos nossos filhos, muitos pais estão sobrecarregados com atividades diárias como trabalho e cuidados da casa, mas o fato que a afetividade de nossos filhos está precisando de atenção, e é compreensível a correria na vida dos responsáveis, mas temos que otimizar os momentos de afetividade.

Constantemente vemos muitas crianças e adolescentes com vários problemas na escola relacionados a afetividade, alguns casos a situação é grave, é comum vermos muitos desses estudantes com depressão ou praticando automutilação (pequenos cortes), em outros casos, o número de queixas por agressões verbais e físicas contra professores tem aumentado fortemente, e isso é evidenciado pela falta de acompanhamento das famílias, em um lar onde não há espaço para o amor e o diálogo é muito difícil estabelecer limites no meio social.

Uma criança que convive com a fome, o alcoolismo, agressões e até mesmo em meio as drogas dificilmente terá motivação para focar seus pensamentos no estudo, é difícil se manter concentrado e disciplinado quando não se sabe o que vai ter para comer em casa, quando o medo das agressões e ameaças em casa são constantes, quando o medo de um novo abuso ocorrer não lhe deixa dormir sossegadamente, é inegável que boa parte deles vivem em meio à medos e angústias. Essa é a realidade de muitas das nossas crianças e adolescentes, inclusive na nossa comunidade, a sociedade tem que estar atenta a isso, pois eles serão nossos futuros médicos, policiais, psicólogos, prefeitos e governadores, são eles que farão a diferença em nossa sociedade, e se negligenciarmos essas situações agora, teremos cada dia mais pessoas envolvidas com as drogas, péssimos atendimentos nas repartições públicas, políticos corruptos e sem compromisso com a população.

É necessário melhorarmos nossas relações e nosso compromisso com nossos pequeninos, dando-lhes suporte e afetividade, ouvindo-lhes e amando-os, e eles precisam sentir isso de fato em forma de abraços, palavras carinhosas e um belo sorriso, todos nós temos responsabilidade com esses jovens, devemos denunciar quando soubermos que não estão vivendo em boas condições e oferecer o apoio necessário para essas famílias. Devemos capacitar nossos professores e educadores para lidarem com as inúmeras situações em sala de aula, termos um psicólogo para fazer atendimento tanto para os professores como para os alunos, e cobrarmos das políticas públicas mais ações nas escolas e nas comunidades envolvendo a nossa juventude. A responsabilidade desses jovens não é só dos pais, é de toda comunidade também.

PATRICK PEREIRA
Licenciado em Ciências Biológicas
Especializado em Metodologia no Ensino de Ciências Biológicas
Especializado em Educação Ambiental
Especializado em Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos.