conecte-se conosco


Economia - ES1.com.br

Dólar volta a cair com aposta em definição de quadro eleitoral

Publicado em

O mercado brasileiro retomou hoje uma dinâmica favorável à queda do prêmio de risco no câmbio. Depois de duas sessões consecutivas de alta, o dólar voltou a cair e fechou em firme baixa de 1,25%, a R$ 3,7312, depois de tocar a mínima, em R$ 3,7134. As apostas numa definição do quadro eleitoral têm ajudado a firmar a cotação perto de R$ 3,75, mas há quem veja espaço para um recuo até R$ 3,50 nos próximos meses.

A confiança dos investidores tem sido reforçada a cada pesquisa de intenção de votos para a corrida presidencial. Principal aposta do mercado, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, tem mantido uma ampla vantagem sobre seu adversário no segundo turno, o petista Fernando Haddad. 

Nesta segunda, uma instituição financeira divulgou pesquisa indicando vantagem de Bolsonaro. De olho nos números e beneficiada pela queda global do dólar, a moeda americana operou em baixa durante toda a sessão desta segunda-feira. O que ajudou o movimento lá fora foi a amenização dos temores sobre um aperto monetário mais duro nos Estados Unidos. 

Agora, após um longo período de apreensão com a disputa presidencial, analistas começam a revisar para baixo suas estimativas para o dólar no fim deste ano. No Boletim Focus, as projeções caíram pela segunda semana consecutiva e agora giram em R$ 3,81, segundo a mediana das estimativas informada na pesquisa semanal Focus, do Banco Central. 

leia também:  Haddad apresentará plano de transformação ecológica em Nova York

Para o profissional de um banco nacional, o mercado aguarda, com um tom bem mais otimista, o encerramento do processo eleitoral e o anuncio dos nomes que irão compor o novo governo. Isso se traduz também na venda líquida de dólares no mercado de derivativos, num sinal de desmonte de posições mais defensivas. Os investidores institucionais brasileiros se desfizeram da moeda americana em todas as sessões de outubro até a última quinta-feira. Considerando os contratos futuro de cupom cambial e dólar, houve venda líquida de US$ 10,4 bilhões no acumulado do mês até o dia 11, de acordo com dados registrados na B3

Um recuo adicional da moeda, entretanto, vai depender do comprometimento e da capacidade do próximo governo em avançar com medidas mais estruturais de ajuste de contas públicas.

Dado o grande entusiasmo que a candidatura de Bolsonaro gerou, o dólar pode cair até R$ 3,50, talvez num movimento pontual, após a eleição no Brasil, na avaliação do economista-chefe do ING, Gustavo Rangel. “Embora uma vitória de Bolsonaro tenha se tornado o cenário de base para a maioria dos investidores, continuamos a esperar que sua eventual vitória, se confirmada, estenda a tendência de valorização observada nos ativos brasileiros nas últimas semanas”, diz em relatório. 

leia também:  Mercado aumenta previsão de crescimento do PIB e da inflação em 2019

O economista pondera, no entanto, considerar “R$ 3,70 estar mais próximo do valor justo, dadas as incertezas quanto à capacidade da nova administração de entregar o tão necessário ajuste fiscal no ano que vem, incluindo a aprovação de uma reforma da Previdência, uma regra menos generosa para o aumento anual do salário mínimo e um corte significativo no orçamento de 2019”

O economista-chefe do Santander Brasil, Maurício Molan, reconhece que, neste momento, os riscos para o seu cenário de câmbio estão inclinados para o lado otimista, o que pode se traduzir num potencial de queda do prêmio de risco e valorização do real. O banco trabalha com a estimativa de que o dólar ficará em R$ 3,80 no fim do ano. Mas, se o novo presidente for capaz de restaurar a credibilidade na reforma fiscal, a taxa de câmbio pode terminar o ano em R$ 3,50. 

“É importante ressaltar que, embora os preços dos ativos estejam provavelmente refletindo a probabilidade de cenário favorável, há espaço — pelo menos no curto prazo — para mais melhorias em termos do componente idiossincrático do risco-país, caso as expectativas em relação à reforma voltem àquelas que prevaleceram no primeiro semestre de 2017”, diz Molan.

 

Valor Econômico

Economia - ES1.com.br

BC só intervirá no dólar em caso de mau funcionamento dos mercados

A incerteza econômica internacional agravou-se nas últimas semanas e, por enquanto, comprometeu a capacidade de o Banco Central (BC) antever os desdobramentos da crise, disse nesta quinta-feira (18) o presidente da instituição BC, Roberto Campos Neto. Ele concedeu entrevista coletiva ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e disse que a autoridade monetária só intervirá no câmbio em caso de mau funcionamento dos mercados.

“O câmbio flutuante serve a um bom propósito. Nós achamos que, se você intervir contra algo que é estrutural, o que você faz é criar distorção em outras variáveis macroeconômicas. O câmbio flutuante serve a um bom propósito porque é um absorvedor de choques [econômicos externos]”, disse Campos Neto em Washington, após uma reunião de ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20.

Na avaliação do presidente do BC, atualmente existem três cenários: o prolongamento da incerteza, o retorno à normalidade após algumas semanas e uma continuidade da turbulência externa que gere uma “reprecificação” (revisão das estimativas econômicas) pelo mercado. Segundo Campos Neto, somente após alguma definição será possível haver uma reação por parte da autoridade monetária.

Para Campos Neto, o mercado financeiro global ficou mais sensível a dados da economia dos Estados Unidos e a declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano). Isso levou à disparada do dólar nas últimas semanas, em reação ao aumento da demanda pelos juros dos títulos públicos norte-americanos, considerados os investimentos mais seguros do planeta.

leia também:  Regulamentação da reforma tributária ficará para 2024

Situação forte

O presidente do BC ressaltou que o Brasil está menos frágil que outros países emergentes porque tem as contas externas “muito fortes”, com alto volume de dólares entrando no país por causa das exportações. “Sim, o dólar forte é sempre um problema e pode gerar reação dos Bancos Centrais ao redor do mundo, mas, no caso do Brasil, vemos que a situação tem sido melhor”, declarou Campos Neto.

O ministro da Fazenda destacou que o planeta foi pego de surpresa com a mudança na rota do Fed. O Banco Central norte-americano pretende adiar para o segundo semestre o início da queda dos juros na maior economia do planeta por causa da inflação mais alta que o previsto nos Estados Unidos.

“Quando saiu a inflação brasileira de março, saiu meia hora depois a americana. Se você pegar o que aconteceu com o mercado nessa meia hora, dá para entender bem a mudança de humor”, disse Haddad. “Quando o mercado aposta forte, qualquer reversão de expectativa machuca muito o investidor, e o mercado estava muito comprado [apostando na queda do dólar], e com razão, na tese de que em algum momento no primeiro semestre o Fed começaria o ciclo de cortes”, acrescentou.

Juros

Em relação ao futuro da Taxa Selic (juros básicos da economia), Campos Neto disse que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) dependerá do nível de incerteza na economia global. “Dependendo do caminho, a gente vai ter, vamos dizer assim, uma reação. Mas não tem como antecipar muito o que vai ser feito porque a gente está num processo de reprecificação e a gente não tem ainda visibilidade do que vai acontecer.”

leia também:  Registro Nacional de Sementes e Mudas ganha norma específica

Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano, após seis cortes consecutivos de 0,5 ponto desde agosto do ano passado. A próxima reunião do Copom ocorrerá em 7 e 8 de maio. Na reunião anterior, em março, o Copom tinha previsto um novo corte de 0,5 ponto, mas os investidores apostam que a redução pode ser de apenas 0,25 ponto, após a recente disparada do dólar.

Na quarta-feira (17), Campos Neto afirmou, durante a viagem aos Estados Unidos, que a manutenção da incerteza elevada pode significar uma redução do ritmo de afrouxamento monetário e até abre porta para uma nova alta nos juros nos próximos meses. Ele deu a declaração em uma reunião com investidores na capital norte-americana.

Nesta quinta-feira, o mercado teve um dia de estabilidade. O dólar comercial encerrou vendido a R$ 5,25, com alta de apenas 0,12%. A bolsa de valores de São Paulo fechou com alta de apenas 0,02%, após passar a maior parte do dia em queda.

Fonte: EBC Economia

Visualizar

MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido!!