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Comissão quer CPI para apurar desaparecimento de bebês

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Conforme dados apresentados na reunião, 16.211 pessoas desapareceram no estado entre 2015 e 2025 / Foto: Heloísa Mendonça Ribeiro

Denúncias apresentadas à Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa (Ales) sobre o desaparecimento de crianças entre 1960 e 2000 motivaram reunião do colegiado nesta terça-feira (24). Deputados e convidados pediram mais investimentos na estrutura de investigação policial de casos e apoiaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as ocorrências antigas – que ainda causam angústia às famílias.

Fotos da reunião

A proposta surgiu do presidente da comissão, Delegado Danilo Bahiense (PL), como forma de reforçar as ações na área, uma vez que a Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas enfrenta precariedade estrutural, como a falta de titular específico – o atual também responde por outra unidade. Até pouco tempo, revelou Bahiense, ela não contava com viatura policial.

Para ele, o cenário deixa “clara a total omissão e o descaso da administração”. “É necessário que haja um efetivo investimento, seja sob o aspecto preventivo, através de campanhas, e a criação de uma rede de apoio, ou mesmo através de recursos tecnológicos e melhoria do efetivo, para que torne viável a busca da pessoa desaparecida, como forma de sensibilidade por parte do Estado ao sofrimento das famílias”, constatou.


Ele salientou a necessidade do cumprimento da Lei 13.812/2019, que instituiu a Política Nacional de Pessoas Desaparecidas, e cujo texto orienta sobre procedimentos a serem adotados pelas autoridades. “É importante desmistificar o fato de que existe o lapso temporal de 24 ou 48 horas para promover a denúncia”, pontuou Bahiense, ao frisar a importância de se denunciar por meio do 190, o Disque Denúncia 181 e o Disque 100.

Relatos

A comissão ouviu relatos de diversos participantes que apresentaram uma história parecida: bebês internados em hospitais em Vitória para receber tratamento tempos depois eram declarados mortos e enterrados à revelia da família – muitas delas humildes e do interior do estado e que não poderiam fazer o acompanhamento na capital.

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O grupo “Meu Bebê Sumiu” reúne essas pessoas que apresentam dúvidas até hoje acerca do paradeiro dessas crianças, consideradas desaparecidas por eles, como dona Alair Hollunder Dias. Segundo ela, sua irmã recém-nascida foi internada no Infantil de Vitória em 1966. Apesar da boa evolução do quadro de saúde, acabou morrendo e enterrada sem que a família, de Domingos Martins, visse o corpo. “É uma dor que sangra sem parar”, resumiu.


Maria da Glória Borges da Silva, Marleide do Carmo Serafim da Silva, Nilson Mariano, Manuza Paixão Rodrigues, Maria Aparecida Barbosa Gama, todos participantes do grupo, narraram histórias similares que envolvem a angústia de não terem uma resposta sobre familiares. Muitos afirmaram que as mortes das crianças não teriam gerado certidão de óbito – elas eram enterradas como indigentes.

Coordenador da Comissão de Segurança, o delegado aposentado André Cunha considerou o descaso com que muitas dessas ocorrências são tratadas até hoje. Ele lamentou respostas evasivas dadas pelos hospitais citados pelas famílias, assim como pelos cemitérios apontados pelas unidades de saúde onde as crianças foram sepultadas e pelos cartórios supostamente envolvidos.

Delegacia

Luiz Carlos Ximenes da Silva é quem responde cumulativamente, há aproximadamente um ano, pela Delegacia de Pessoas Desaparecidas. O titular detalhou que atualmente ela conta com quatro policiais e duas viaturas. Conforme revelou, uma das primeiras ações implementadas ao chegar à unidade foi criar um procedimento operacional padrão para investigações de desaparecimentos.

Sobre os casos ocorridos entre 1960 e 2000, considerou as ocorrências complexas porque podem envolver situações como adoções irregulares, falsidade ideológica e até mesmo estrutura de crime organizado. De acordo com ele, a unidade abriu quatro verificações preliminares de informação (VPIs) relativas a casos antigos no sentido de buscar respostas.

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No entanto, destacou a importância de que todas as famílias com queixas de desaparecimento compareçam à delegacia para abertura de boletins de ocorrência. O procedimento poderá resultar em inquérito policial e é necessário para que seja possível acionar órgãos que teriam envolvimento nas ocorrências de sumiço, como hospitais, cartórios e cemitérios.

Hospitais

O Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, a Pró-Matre e o Hospital Estadual Infantil de Vitória foram citados pelos familiares como os locais onde teriam acontecido os desaparecimentos dos bebês. Apenas o diretor-geral do Infantil da Capital, Clio Venturim, compareceu. Na instituição desde 2023, o gestor ressalvou que soube das denúncias recentemente, mas reiterou que a instituição não se furtará de buscar respostas.

Ele considerou aspectos que dificultam esse trabalho, como o período decorrido e o acesso à documentação – a digitalização de arquivos teve início em meados de 1998. “As outras informações a gente carece de algum tempo”, esclareceu. “A presença minha aqui hoje traz a seriedade com que vamos tratar desses casos”, completou. Aos familiares, adiantou que podem procurar diretamente o hospital para fazer a solicitação dos prontuários.

Dados

Dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) do Ministério da Justiça apresentados pelo perito oficial criminal Lucas Alves Viana demonstram que de 2015 a 2025, 16.211 pessoas desapareceram no Espírito Santo, uma média de seis casos por dia, a maioria do sexo masculino. Cerca de 30% são jovens menores de 18 anos e, desse grupo, 532 foram encontrados vivos ou mortos e 4.249 crianças e adolescentes ainda desaparecidos.

Fonte: POLÍTICA ES

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Proibição de celular em escolas do ES avança na Assembleia

Com parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça, Cidadania e Redação da Assembleia Legislativa (Ales), a proposta que proíbe o uso de telefones celulares e outros aparelhos eletrônicos em escolas públicas e privadas do Espírito Santo segue agora para análise dos colegiados de Educação, de Ciência e Tecnologia e de Finanças. O Projeto de Lei (PL) 621/2024 foi aprovado na reunião desta terça-feira (11), com apenas um voto divergente, do deputado João Coser (PT).

Autor do PL 621, o deputado Mazinho dos Anjos (PSDB) defendeu a matéria e observou que, antes de propor a proibição, dialogou com a sociedade por meio de reuniões e audiências públicas.

“Vários países do mundo já proíbem o uso de celulares nas escolas, principalmente aqueles de maior desenvolvimento econômico e social, como Dinamarca, Finlândia e Itália, por entenderem, com base em estudos científicos, que o uso de telas é prejudicial ao desenvolvimento cognitivo de crianças até 12 anos de idade”, disse Mazinho.

Vale lembrar que em janeiro deste ano entrou em vigor a Lei federal 15.100/2025, que proíbe “o uso, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante a aula, o recreio ou intervalos entre as aulas, para todas as etapas da educação básica”.

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Fotos da reunião

A comissão votou 28 proposições, aprovando 21 e rejeitando, por inconstitucionalidade, outras sete. O colegiado recebeu 13 novos projetos, distribuídos pelo presidente, deputado Dary Pagung (PSB), aos membros para elaboração de relatório.

Assédio infantil

Alguns projetos provocaram debates. O primeiro a entrar na pauta de votação, o PL 6/2024, de autoria do Capitão Assumção (PL), foi aprovado com voto de vista do deputado Mazinho dos Anjos com quatro emendas. A proposição visa ao estabelecimento de protocolos de prevenção e combate ao assédio e abuso infantil em clubes formadores, academias esportivas e instituições congêneres.

As emendas preveem aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais; definem cooperação entre federações, conselhos tutelares, Ministério Público e secretarias de Esporte, de Educação e de Segurança Pública; autorizam programas de capacitação, consultoria e repasse de recursos específicos; e detalham penalidades de forma proporcional e graduada, assegurando contraditório e ampla defesa, além de manter responsabilidade civil e penal.

O PL 538/2024, de autoria do deputado Alcântaro Filho (Republicanos), teve o relatório pela constitucionalidade do relator, deputado Allan Ferreira (Podemos), rejeitado por 5 a 1 e substituído pelo voto de vista do deputado Fábio Duarte (Rede), pela inconstitucionalidade. Alcântaro propunha a instalação de armários individuais para todos os alunos de todas as escolas públicas estaduais.

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Cultura alimentar

Os deputados valorizaram características particulares de alguns municípios, conferindo-lhes títulos de capital estadual, como nos casos de Água Doce do Norte, que tem em tramitação o título de Capital Estadual do Melado, e Alfredo Chaves como Capital Estadual do Inhame. “É a valorização de um certo valor emocional de uma cultura alimentar dos capixabas, o inhame com melado”, disse Dary Pagung.

Fonte: POLÍTICA ES

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