Alessandra Piassarollo - ES1.com.br
A felicidade está no quintal de cada um!

Sempre me causou admiração a história do principezinho que possuía apenas uma rosa e era feliz ao seu lado. Não era a singularidade da flor que me deixava admirada, mas o contentamento que esse tão pouco podia provocar.
Andei por aí a observar o comportamento alheio, e enxergando de perto tantas lamúrias e desalentos, deparei-me com a inevitável conclusão de que o que nos falta é cultivar nossas roseiras. É isso sim!
Imaginando as possíveis experiências e os significantes aprendizados que poderia alcançar, decidi fazer para mim esse experimento. Com a disposição para cultivar, compreendi que meu primeiro ganho estava em fazer uma convocação da coragem. Precisava dela para deixar uma já conhecida zona confortável e me expor à busca da rosa que eu desejava. Nem todos sabem lançar-se assim e pude sentir uma leve brisa de mudança. Nesse meu intento também descobri quão necessária é a perseverança. Já sabia de antemão que o cuidado dispensado tornaria valoroso meu cultivo, e fiz desse um motivo para não desanimar.
Hoje cultivo minha própria roseira e sei o valor que ela tem!
Na luta pelas flores, muitas vezes esbarrei nos espinhos, e entendi que eles pertencem ao ato de florescer. Verifiquei que a mudança de ambiente fazia bem à nova vida que eu cultivava, e ao ver minha roseira crivada de pequenos botões entendi que todos os esforços valeram à pena.
Agora sei como cultivar melhor minha própria vida e aconselho a todos que não conseguem delimitar seus horizontes, a fazerem a experiência do cultivo. De roseiras também. Mas de mudanças de atitude, principalmente. Muitos de nós não saberíamos administrar o fato de ter apenas uma roseira assim, tão no singular. Nem mesmo saberíamos valorizar esse pequeno tesouro.
A inquietude e a insatisfação tem nos deixado completamente cegos. Queremos demais, reclamamos demais e nos contentamos de menos. Escondidos em nossas redomas vaidosas, traçamos planos cada vez mais ambiciosos e quase sempre deixamos de ver que somos afortunados ou que já chegamos aonde queríamos estar.
Um sem números de lamentos pela falta de perspectiva, ou de conquistas, seria facilmente calado se estivéssemos de olho em nossas roseiras. E desanimaríamos menos, se soubéssemos que não é a quantidade de rosas que nos faz felizes.
É uma pena, mas nem todos se dão conta de que a vida é uma roseira prestes a florescer!
Alessandra Piassarollo
Administradora e Escritora

Alessandra Piassarollo - ES1.com.br
E se eu me for agora, terei amado o suficiente?

Soube da notícia de que um conhecido havia partido dessa vida. De repente, surpreendentemente, sem nenhum tipo de aviso prévio, como a morte costuma fazer.
Fiquei imaginando se as coisas seriam diferentes na vida dele, se ele soubesse que partiria em breve. Imaginei se as coisas seriam diferentes na minha vida, e na vida de todos nós; se não deveríamos estar mais atentos ao fato de que a vida vai terminar para nós também.
Será que temos amado em quantidade suficiente? Será que temos feito o nosso melhor e aproveitado a companhia das outras pessoas? Ou partiremos deixando para trás aquela sensação de que deveríamos ter feito tudo de forma diferente?
Muito provavelmente a resposta é a de que não estamos vivendo da melhor forma possível. Poderíamos estar vivendo com prazer e com mais qualidade. Poderíamos estar pondo freios em nossa preocupação exagerada e nessa vontade de partir pra briga, contra tudo e contra todos, que temos sentido.
Deveríamos refrear nosso velho hábito de deixar coisas importantes para depois, simplesmente porque não temos nenhuma garantia de que o depois virá. E parar de alegar falta de tempo, principalmente se ele estiver sendo mal gasto.
Aprender a não guardar roupa, calçados e louças para ocasiões especiais. O momento especial é agora, porque ele nos garante vida para desfrutá-lo. Poderíamos parar de economizar o que temos de bom dentro de nós. E não deixar a vida, os amores e os sonhos pra depois. Eles não precisam ficar tanto tempo na sala de espera.
Tampouco podemos desperdiçar o tempo de agora, porque ele é precioso demais para isso. O ontem não regressará e talvez o amanhã não chegue até nós.
Engana-se quem pensa que essas verdades exigem pensamentos negativos. Mas é preciso que fiquemos em estado de alerta e deixemos despertar em nós um desejo irrepreensível de amarmos a vida e tudo o que ela nos oferece.
Que o prazo de validade determinado que nos foi imposto desperte em nós o desejo de diminuir os conflitos e de ter mais sossego interior. Busquemos a sensação reconfortante de ter nossas almas desfrutando de afeto e de tranquilidade; que saibamos reassumir o controle da nossa vida, sem sermos marionetes para o teatro sentimental de ninguém.
Não queiramos que as circunstâncias da vida tragam-nos arrependimentos por não termos sabido conduzir nossos dias. Amemos o máximo possível: A nós mesmos e às outras pessoas. Tenhamos apreço por quem somos e respeito por quem fomos. Planejemos o futuro de forma que possamos aproveitar bem todas as oportunidades que vierem, enquanto vierem.
Andemos de cabeça erguida, sem culpas desnecessárias. Esforcemo-nos para encarar todos os fatos com leveza e com a certeza de que existe uma lição a ser aprendida em cada acontecimento.
Desfrutemos da vida com a coerência de quem sabe que um dia ela terminará. E torçamos para que o acaso não se canse de nos proteger, caso continuemos a andar tão distraídos.
Alessandra Piassarollo
Administradora e Escritora