Alessandra Piassarollo - ES1.com.br
A felicidade de uma pessoa depende da profundidade de sua gratidão – artigo pela gabrielense Alessandra Piassarollo
O ato de agradecer vai muito além de fazer uma oração, de pertencer a essa ou àquela religião. Gratidão é maior que isso. É o que nos faz ver felicidade no passado e traz calma para vivermos o presente. E, apesar de não nos custar absolutamente nada, é de um valor imenso. É uma linguagem universal, mas que só faz sentido se for falada pelo coração.
Portas se abrem, amizades se fortalecem, vínculos duradouros são criados através da gratidão. A alegria verdadeira só pode ser vista nas pessoas que são agradecidas pelo que possuem. E não se trata de ter muita “sorte” na vida, de ter poder, sucesso ou fortuna. Agradecer é um gesto de quem tem consciência de que o pouco, ou o muito que se tem, é uma dádiva; é um gesto de quem entende que o simples fato de ver mais um dia amanhecendo é um privilégio que não será concedido a todos.
A humanidade precisa se lembrar do quão milagrosa pode ser a gratidão. E refletir que a falta dela é a raiz de muitos dos nossos males. A bem da verdade, todos nós já tivemos a oportunidade de ver uma mão estendida em nossa direção em algum momento da nossa vida. Todos recebemos uma ajuda, um socorro, uma palavra amiga, um ombro… e isso bastou para trazer alívio, ainda que tenha sido por breves momentos. E sim, nessa ocasião, uma semente de gratidão deve ter sido plantada. Você se recorda de, pelo menos, um momento assim em sua vida?
De outra forma, em algum momento, também fomos capazes de estender nossas mãos a alguém que necessitava de apoio em um momento difícil. Você carrega memórias assim? E mesmo que esse ato de bondade não tenha retornado a você imediatamente, em algum momento isso vai acontecer, porque é assim que a vida reage. O bem que praticamos sempre volta, mesmo que com outra aparência e, onde há o bem sendo feito, deve haver um ser humano agradecido.
Há um conto muito inspirador que fala sobre o poder que a gratidão é capaz de gerar: “um rapaz pobre vendia mercadorias de porta em porta para conseguir pagar seus estudos. Eram dias difíceis e o que ele conseguia não era o suficiente para cobrir todas as suas despesas.
Um dia, ele estava com muita fome e nenhum dinheiro para comprar comida. Decidiu então, que pediria comida na próxima residência por onde passasse. Porém, a coragem o abandonou quando uma jovem muito bonita o atendeu à porta. Em vez de pedir comida, ele pediu apenas um copo com água. A jovem notou que ele parecia com fome e lhe deu um grande copo de leite. Ele bebeu o leite e, ao perguntar quanto devia, a jovem respondeu que ele não lhe devia nada.
Ele saiu daquela casa revigorado e com sua fé fortalecida pelo gesto de bondade que acabara de receber. Anos depois, a jovem ficou muito doente. Os médicos da pequena cidade onde ela morava não conseguiam chegar a um diagnóstico e a encaminharam a outra cidade, para um hospital com mais recursos. O médico de plantão naquele dia era muito bem conceituado. Quando escutou o nome da pequena cidade de onde a paciente viera, uma estranha emoção o tocou e ele foi vê-la.
Mesmo tendo se passado alguns anos, ele a reconheceu e se propôs a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar sua vida. Depois de muitos dias de batalha, a mulher estava finalmente curada.
No momento de sua alta, ela teve receio pelos custos altos que o tratamento deveria ter atingido. Mas, ao receber a fatura, ela se alegrou ao ler estas palavras:
–Totalmente pago, muitos anos atrás, com um copo de leite.
Enfim, agradecer nunca será obrigatório, mas sinceramente, nada pode ser mais bonito que um coração agradecido.
“A gratidão é a moeda luminosa com a qual se resgatam os verdadeiros valores da vida.” Victor Hugo.
Alessandra Piassarollo
Administradora e Escritora
Alessandra Piassarollo - ES1.com.br
E se eu me for agora, terei amado o suficiente?
Soube da notícia de que um conhecido havia partido dessa vida. De repente, surpreendentemente, sem nenhum tipo de aviso prévio, como a morte costuma fazer.
Fiquei imaginando se as coisas seriam diferentes na vida dele, se ele soubesse que partiria em breve. Imaginei se as coisas seriam diferentes na minha vida, e na vida de todos nós; se não deveríamos estar mais atentos ao fato de que a vida vai terminar para nós também.
Será que temos amado em quantidade suficiente? Será que temos feito o nosso melhor e aproveitado a companhia das outras pessoas? Ou partiremos deixando para trás aquela sensação de que deveríamos ter feito tudo de forma diferente?
Muito provavelmente a resposta é a de que não estamos vivendo da melhor forma possível. Poderíamos estar vivendo com prazer e com mais qualidade. Poderíamos estar pondo freios em nossa preocupação exagerada e nessa vontade de partir pra briga, contra tudo e contra todos, que temos sentido.
Deveríamos refrear nosso velho hábito de deixar coisas importantes para depois, simplesmente porque não temos nenhuma garantia de que o depois virá. E parar de alegar falta de tempo, principalmente se ele estiver sendo mal gasto.
Aprender a não guardar roupa, calçados e louças para ocasiões especiais. O momento especial é agora, porque ele nos garante vida para desfrutá-lo. Poderíamos parar de economizar o que temos de bom dentro de nós. E não deixar a vida, os amores e os sonhos pra depois. Eles não precisam ficar tanto tempo na sala de espera.
Tampouco podemos desperdiçar o tempo de agora, porque ele é precioso demais para isso. O ontem não regressará e talvez o amanhã não chegue até nós.
Engana-se quem pensa que essas verdades exigem pensamentos negativos. Mas é preciso que fiquemos em estado de alerta e deixemos despertar em nós um desejo irrepreensível de amarmos a vida e tudo o que ela nos oferece.
Que o prazo de validade determinado que nos foi imposto desperte em nós o desejo de diminuir os conflitos e de ter mais sossego interior. Busquemos a sensação reconfortante de ter nossas almas desfrutando de afeto e de tranquilidade; que saibamos reassumir o controle da nossa vida, sem sermos marionetes para o teatro sentimental de ninguém.
Não queiramos que as circunstâncias da vida tragam-nos arrependimentos por não termos sabido conduzir nossos dias. Amemos o máximo possível: A nós mesmos e às outras pessoas. Tenhamos apreço por quem somos e respeito por quem fomos. Planejemos o futuro de forma que possamos aproveitar bem todas as oportunidades que vierem, enquanto vierem.
Andemos de cabeça erguida, sem culpas desnecessárias. Esforcemo-nos para encarar todos os fatos com leveza e com a certeza de que existe uma lição a ser aprendida em cada acontecimento.
Desfrutemos da vida com a coerência de quem sabe que um dia ela terminará. E torçamos para que o acaso não se canse de nos proteger, caso continuemos a andar tão distraídos.
Alessandra Piassarollo
Administradora e Escritora